Acervo da Luta Contra a Ditadura

 

Conexões Internacionais e Operação Condor________

 
A comunidade de Informações, embora fechada em relação ao conjunto da sociedade da qual faz parte, articula-se com uma rede mais ampla de organismos similares, num complexo intercâmbio que contribui para determinar sua própria sobrevivência. Em nível internacional, havia uma correspondência entre os sistemas de informação e repressão dos países do cone sul, principalmente durante a ditadura militar e o período de transição democrática. A rede de organismos de informação em nível nacional e local tinha uma relação de cooperação com seus análogos em outros países, principalmente da América Latina e EUA. Essa relação era em termos de intercâmbio de formação e treinamento técnico, troca de informações e de ações e contra-informação. O Exército e as Embaixadas brasileiras no exterior eram os principais canais de recepção e fornecimento de informações. Exemplo concreto recentemente evidenciado é a atuação dos organismos brasileiros de espionagem e repressão junto ao regime de Stroessner, no Paraguai. A troca de informações e prisioneiros entre Brasil e outros países do cone sul, como Argentina e Uruguai, também é conhecida e foi comprovada através de documentação das SOPS (Supervisão de Ordem Política e Social) encontradas recentemente no interior do RS, (...), e de documentos resgatados no Paraguai. Fragmento de ESPIONAGEM POLÍTICA: Instituições e Processo no Rio Grande do Sul, Sinara Porto Fajardo, 1993 - Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação em Sociologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Veiculação autorizada pela autora

OPERAÇÃO CONDOR

Os governos militares da América Latina, entre eles o Brasil, a Argentina, o Uruguai, o Chile e o Paraguai, montaram, durante a década de 70, uma ação conjunta para aniquilar os adversários políticos, unificando seus aparatos repressivos. Em 1992, os documentos da polícia secreta do Paraguai vieram à tona, confirmando tais suspeitas de uma realidade trágica no Cone Sul. Era a chamada Operação Condor, um acordo que legitimava a busca, captura, trocas de prisioneiros, torturas, desaparecimentos e mortes de cidadãos e cidadãs, independente de suas nacionalidades, dentro do território citado, o que violava qualquer direito jurídico que lhes fosse garantido. O "Seqüestro dos Uruguaios" em 1978, em Porto Alegre, a prisão de Flávio Koutzi e Flávia Schilling, ambos brasileiros, presos na Argentina e no Uruguai, respectivamente, apresentam-se como exemplos elucidativos. A colaboração entre as ditaduras do Cone Sul já existia, conforme documentos, datados de 1965, encontrados em 1992.