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Economia
no Período Militar_________
Nos
anos que antecederam o golpe militar de 1964 a economia
brasileira mostrava-se combalida. Alguns indicadores
dessa fragilidade se evidenciavam através de um crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao crescimento
populacional, bem como de um acentuado aumento dos
índices inflacionários (33,3% em 1961, 54,8% em 1962,
78% em 1963).
Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros em 1961,
assume o governo o então Vice-Presidente João Goulart,
o que faz acender na sociedade, dentro de um já efervescente
clima político nacional, a chama da esperança de que
ele desse início as chamadas reformas de base - reforma
agrária, reforma tributária, reformas fiscais e a
implantação de uma legislação anti-truste - insistentemente
referidas e prometidas ao longo da campanha política
que o levou a ser eleito Vice-Presidente.
O
desenvolvimento dependente e os específicos interesses
internacionais e nacionais passaram a sentir-se ameaçados
com a ascensão de João Goulart à presidência. Ao clamor
popular pela imediata implantação de medidas restritivas
aos investimentos multinacionais em defesa de uma
política de apoio e concessão de subsídios diretos
ao capital privado nacional, sobretudo aos seus setores
não vinculados ao capital estrangeiro, assim como
a pretensão de nacionalizar as grandes corporações
estrangeiras que mantinham interesses no país, associa-se
o temor daqueles que pretendiam a manutenção da política
econômica de favorecimento dessas corporações e interesses
dando origem, na opinião dos golpistas, ao estopim
que justificava fosse detonado o Golpe Militar de
1964.
A
partir de então a economia passa a caracterizar-se
pela grande intervenção do Estado na economia, o que
contribuiu para o desenvolvimento de uma infra-estrutura
propícia aos interesses dos grandes grupos capitalistas
nacionais, em especial aqueles mantinham estreitos
vínculos com o capital internacional. Já nos primeiros
anos da ditadura militar a política econômica se mostra
voltada a implantação e implementação de um amplo
programa de investimentos do Estado, sempre financiados
através de fundos obtidos junto à instituições internacionais
de crédito. Assim o Estado passou a investir maciçamente
em programas de crescimento nas áreas das telecomunicações,
construções de estradas para implantar um sistema
de transporte rodoviário, ampliação do sistemas de
geração e distribuição de energia elétrica, sempre
voltados a viabilizar o aumento de investimentos estrangeiros
no Brasil. A nova política econômica propiciava financiamento
nacional as industrias estrangeiras. A economia abriu-se
aos investimentos estrangeiros. Foi editada a legislação
de remessa de lucros das empresas estrangeiras para
os seus países de origem. Neste período de ditadura
militar, os Estados Unidos, através de uma política
de créditos fáceis e de empréstimos de capital, foi
o país que mais investiu no Brasil, iniciando-se aí
a escalada do endividamento externo nacional.
Esse período se notabiliza pelos projetos e
construções de obras de grande porte, que exigiram
grande aporte de capital, algumas efetivamente necessárias,
outras nem tanto. Exemplos disso são, de um lado,
a ponte Rio-Niterói e os sistemas viários urbanos,
e de outro lado, a construção de diversos estádios
esportivos, alguns com capacidade de receber numero
de frequentadores maior do que a população das comunidades
onde foram construídos, a transamazônica, e o acordo
nuclear Brasil-Alemanha, no valor de 30 bilhões de
dólares, para a construção de nove usinas atômicas.
No âmbito industrial e comercial, a política
econômica implantada a partir do golpe militar teve,
entre outros objetivos, viabilizar a presença de grandes
monopólios produtores de bens de consumo duráveis.
Para isso, entretanto, se fizeram necessários investimentos
públicos voltados a favorecer os interesses de grandes
grupos empresariais nacionais e estrangeiros. Na área
agrícola também foram feitos investimentos consideráveis.
Tanto foi assim que após 1964 o Banco do Brasil converteu-se
no maior banco rural do mundo, financiando projetos
destinados a uma produção agrícola que se restringia
a gêneros alimentícios destinados a exportação. Aos
grandes produtores foram disponibilizados créditos,
assistência técnica, facilidades de transporte e armazenagem
que levaram o Brasil a tornar-se o maior produtor
de soja do mundo. Essa política de incentivos deixou
em segundo plano a produção de produtos agrícolas
que popularmente compunham a base alimentar dos brasileiros.
Entre 1968 e 1973 o país experimentou um grande
crescimento na produção industrial. O PIB elevou-se,
reflexo da maior produção de bens duráveis, principalmente
eletrodomésticos e automóveis. Este período, que atenuou
o desemprego urbano, ficou conhecido como "Milagre
Econômico". A industria automobilística era apresentada
como a grande vitrina desta política econômica adotada
pelo governo.
Entretanto, se não pode ser negado o crescimento
econômico havido no período da ditadura militar, não
se pode perder de vista também que esse crescimento
resultou no benefício de poucos, haja vista que agudizou
o problema da má distribuição de renda.
A partir de meados da década de 80 começam a
vir a tona os aspectos negativos da prática da política
econômica implantada pelos governos da ditadura militar.
Em 1982 e 1983 o Brasil já bate as portas do FMI.
Observa-se uma acentuada elevação do endividamento
externo, contraído principalmente nos governos Costa
e Silva e Médici, que em 1984 chegava a casa dos 100
bilhões de dólares, determinando o crescimento da
dependência externa. Os grandes monopólios produtivos
levaram ao sucateamento do parque industrial nacional.
O não encaminhando de soluções concretas para o problema
da má distribuição da terra, a propaganda ufanista
do regime e do chamado "milagre econômico", incentivou
o êxodo rural, provocando a forte migração rural-urbana,
determinando o explosivo crescimento de algumas cidades
dotadas de infra-estruturas deficientes e de reduzida
capacidade de gerar empregos na área industrial, evidenciando
o deficit habitacional, contribuindo para o crescimento
de favelas e a crise no abastecimento de água e água
e esgoto.
O processo inflacionário, que durante o período
compreendido entre 1970 e 1972, havia arrefecido,
voltou acrescer a partir de então, durante todo o
período da ditadura militar, atingindo seu ápice em
1983, quando atingiu a casa de 239%. Inicia-se a partir
de então um violento processo de achatamento salarial,
recrudescem as taxas de desemprego e, por consequência
o aumento do número de brasileiros vivendo abaixo
da linha da pobreza.
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