Acervo da Luta Contra a Ditadura

 

Cálice_________

Pai, afasta de mim este cálice,
Pai, afasta de mim este cálice,
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho, tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa (cale-se)
Melhor seria filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

(Refrão)

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Deixa eu lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

(refrão)

De muito gorda a porca já não anda (cale-se)
De muito usada a faca já não corta (cale-se)
Como é difícil pai, abrir a porta, (cale-se)
Essa palavra presa na garganta (cale-se)

Esse pileque homérico do mundo (cale-se)
De que adianta ter boa vontade (cale-se)
Mesmo calado o peito, resta a nuca (cale-se)
Dos bêbados do centro da cidade (cale-se)

(Refrão)

Talvez o mundo não seja pequeno (cale-se)
Nem seja a vida um fato consumado (cale-se)
Quero inventar o meu próprio pecado (cale-se)
Quero morrer do meu próprio veneno (cale-se)

Quero perder de vez tua cabeça (cale-se)
Minha cabeça perder teu juízo (cale-se)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (cale-se)
Me embriagar até que alguém me esqueça (cale-se)
 
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